CPI: Hang confessa doação de dinheiro para compra de remédios ineficazes para tratar Covid-19

O empresário Luciano Hang confessou a doação de dinheiro para a compra de remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, para o tratamento de pacientes com a doença na cidade de Brusque, em Santa Catarina, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta quarta-feira, 29.

Questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre a campanha feita pela distribuição do "kit covid", nome dado a um combo de remédios que inclui a hidroxicloroquina e a ivermectina, o dono da rede de lojas Havan tergiversou .Ele se alongou nas respostas, mas foi cobrado pela parlamentar para ser objetivo, e acabou admitindo que utilizou a rede social para arrecadar dinheiro para a compra dos medicamentos usados pelos hospitais da cidade.

"Fiz [campanha pelo 'kit covid] e está nas redes sociais. Nós arrecadamos dinheiro e demos para o hospital comprar remédios", respondeu o empresário, que insistiu que o "tratamento inicial" dá resultado, apesar da ciência não comprovar a eficiência de nenhum tipo de remédio para inibir a ação do vírus no organismo na primeira fase do contágio.

A "campanha" promovida por Hang foi compartilhada por ele no Instagram no dia 30 de janeiro, intitulada "Empresários em Ação Contra o Covid-19 e a Favor da Vida". Na publicação, o bolsonarista diz que as medicações seriam doadas para a cidade de Brusque, como uma forma de "salvar vidas" reduzir a ocupação dos leitos de alta complexidade, enquanto consegue "preservar os empregos".

CORREÇÃO

Em algumas ocasiões o empresário tentou justificar a sua opção de não receber a vacina contra o novo coronavírus, segundo ele pois foi detectado pelo seu médico particular, em seu organismo, uma quantidade incomum de anticorpos para a doença. Hang ainda alegou que este seu privilégio era por andar frequentemente pelas ruas, sugerindo que tem uma imunidade diferenciada.

Mas as mentiras ditas por Hang não ficaram sem uma resposta, e o vice-presidente da Comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), tratou de fazer a devida correção e reiterou que "vacinas salvam vidas" e todos, indistintamente e independente de terem ou não já contraído a doença, precisam se imunizar.

"Não existe alto índice de “proteção natural” ou seja lá o que for. O que existe é a VACINA, que salva a sua vida e a de quem você ama!", escreveu Randolfe momentos depois no Twitter.