Foto: Wikimapia
A Polícia Federal (PF) predeu, nesta quinta-feira (18), Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, durante mais uma fase da Operação Sem Desconto. A apuração desvenda um esquema de alcance nacional responsável por descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Também integra o rol de investigados Aldroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que foi afastado da função e deverá cumprir prisão domiciliar. A PF ainda executa mandados de busca e apreensão contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar, na coluna do jornalista Igor Gadelha.
Segundo a PF, o grupo criminoso operava de forma organizada e hierarquizada, com frentes específicas para a coleta de dados, alimentação fraudulenta de sistemas oficiais e ocultação dos valores desviados. As medidas contaram com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro alvo da ofensiva policial é o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS em 2023 e 2024, André Fidelis, que já havia sido preso em uma etapa anterior da operação.
No total, a ação abrange o cumprimento de 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal. A operação é conduzida de forma integrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
O episódio que ficou conhecido como “Farra do INSS” ganhou repercussão nacional em dezembro de 2023, após uma série de reportagens do Metrópoles denunciar um crescimento expressivo na arrecadação de associações por meio de descontos não autorizados aplicados a aposentados, que chegaram a R$ 2 bilhões em um único ano. As entidades acumulavam milhares de ações judiciais por filiações fraudulentas.
As revelações impulsionaram a abertura de inquérito pela PF e alimentaram investigações da CGU. Deflagrada em abril deste ano, a Operação Sem Desconto resultou na exoneração do então presidente do INSS e na saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Ao todo, 38 reportagens do Metrópoles foram mencionadas pela PF na representação que deu origem à operação.
Pai de Romeu, o “Careca do INSS” está custodiado desde setembro e é apontado como um dos principais articuladores do esquema, responsável por desviar mensalmente recursos dos benefícios de idosos sem consentimento.
As investigações indicam que aposentados e pensionistas tinham valores abatidos diretamente de seus benefícios como se fossem associados a entidades de classe, sem jamais terem autorizado a adesão. Na prática, as cobranças eram automáticas e recorrentes, reduzindo o montante recebido por beneficiários, em grande parte idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.
De acordo com a CGU, as entidades envolvidas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica, convênios médicos e descontos em academias, mas não dispunham de estrutura mínima para prestar atendimento efetivo. Pelo menos 11 associações sofreram medidas judiciais, com contratos suspensos e interrupção dos descontos.
O escândalo provocou forte abalo político no governo federal. O então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), deixou o cargo após a investigação alcançar o núcleo da pasta. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que assumiu o ministério em meio à crise.
Em julho, o governo federal anunciou a restituição dos valores descontados irregularmente de aposentados e pensionistas. O reembolso está sendo realizado em parcela única, e o prazo para contestação foi estendido até 14 de fevereiro de 2026.

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