CRISE financeira no SAAE tem raízes em gestões passadas, indicam investigações e depoimentos - Fala Alagoinhas News | Portal de Alagoinhas e Região

CRISE financeira no SAAE tem raízes em gestões passadas, indicam investigações e depoimentos


A crescente dívida do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Alagoinhas tem sido tema constante nas discussões políticas e administrativas do município. O passivo milionário, principalmente com a fornecedora de energia Coelba, é apontado por documentos e investigações como consequência de decisões tomadas em gestões anteriores, especialmente durante o período em que o ex-prefeito Paulo Cezar Simões esteve à frente do Executivo municipal.


Entre 2013 e 2016, durante o segundo mandato de Paulo Cezar, foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para apurar possíveis irregularidades no SAAE. O trabalho da comissão durou cinco meses, envolveu 11 depoimentos e culminou em um relatório extenso. No entanto, o ex-prefeito, mesmo convidado e tendo remarcado sua participação, não compareceu às audiências, o que, segundo os membros da CPI, dificultou o aprofundamento das apurações.


“O ex-prefeito era uma peça-chave nesse processo, mas não esteve presente para apresentar sua versão dos fatos”, destacou o então vereador Jenser Souza, responsável por presidir os trabalhos da comissão.


Com a mudança de gestão em 2017, o então diretor do SAAE, José Gomes, declarou publicamente que o órgão enfrentava um déficit superior a R\$ 14 milhões. A informação foi tornada pública durante entrevista ao programa Primeira Mão, ainda nos primeiros meses da administração de Joaquim Neto (PSD).


Anos depois, o atual prefeito de Alagoinhas, Gustavo Carmo (PSD), também comentou o impacto duradouro dessa situação. Em conversa recente com o Alagonews, Gustavo atribuiu parte da crise do SAAE a heranças deixadas por gestões anteriores, agravadas pela pandemia e pela estagnação das receitas da autarquia.


“A autarquia já apresentava fragilidades financeiras antes mesmo da pandemia. Durante a crise sanitária, a situação se deteriorou ainda mais, com queda de arrecadação e aumento de custos operacionais”, explicou o prefeito. Ele também chamou atenção para o fato de que, em 2008, o SAAE ainda possuía uma capacidade de investir cerca de 25% do que arrecadava — índice que hoje estaria em patamar negativo.


Sobre a possibilidade de abertura de uma nova comissão de investigação, Gustavo descartou a medida, argumentando que os trabalhos anteriores já haviam levantado os principais pontos da crise. “Houve uma CPI com apuração séria e documentada. O ex-prefeito não contribuiu com esclarecimentos presenciais, apenas encaminhou documentos”, afirmou.


O debate sobre o futuro do SAAE e os caminhos para sanear suas contas segue em aberto, enquanto a população aguarda soluções que garantam não apenas a continuidade, mas também a melhoria dos serviços essenciais de abastecimento de água e saneamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pages