Diálogos transcritos de grampos telefônicos sugerem que o presidente Jair Bolsonaro foi contatado por integrantes da rede de proteção do ex-capitão do Bope, miliciano e bicheiro Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em ação policial no início de 2020.
As conversas, publicadas neste sábado (24/4) em uma reportagem do portal The Intercept, fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.
Logo após a morte do miliciano, em fevereiro de 2020, cúmplices de Adriano da Nóbrega fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”, segundo o The Intercept. Fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ouvidas na condição de anonimato entendem que o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro.
Após as citações, o Ministério Público Estadual pediu que a justiça parasse as escutas dos envolvidos nas conversas porque o órgão não pode investigar o presidente da República. Em casos deste tipo, os procuradores têm a obrigação constitucional de encerrar a investigação e encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República (PGR), que tem esse poder.
Questionada, a PGR informou que buscas nos sistemas da Procuradoria por meio do número de processo indicado não retornaram resultados. Uma fonte que conhece o sistema da PGR, ouvida pelos jornalistas do The Intercept, entende que isso pode significar tanto que o processo foi encaminhado com outro número quanto que ainda não foi encaminhado ou mesmo que a procuradoria apenas não o encontrou em seus arquivos.
De acordo com a reportagem, as conversas de apoiadores do miliciano contendo supostas referências ao presidente da República começaram a aparecer nos grampos a partir do dia da morte de Adriano, em 9 de fevereiro de 2020, e continuaram por 11 dias.
Fonte/A Tarde

Nenhum comentário:
Postar um comentário